quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Exposição de Fotos

Museu de Arte de São Paulo mostra 120 fotografias de Walker Evans Entre os dias 10 de setembro e 30 de janeiro o Masp ( Museu de Arte de São Paulo), irá mostrar 120 fotografias de Walker Evans. Fotografo que queria ser escritor, mas se apaixonou pela fotografia, na década de 20. Em 1935 ele entrou para da F.S.A. (Farm Security Administration). Organismo Federal criado por Roosevelt para dar solução à crise agrícola dos Estados Unidos, durante a grande depressão. O fotógrafo ficou famoso ao registrar a miséria que vivia os camponeses americanos, durante esse período. O Levantamento documental da comunidade agrícola norte americana e outras fotos que estão documentada no livro Let´s now praise famous man. São os dois trabalhos considerados os expoentes máximos da fotografia documental. Área em que Evans é considerado uma das maiores figuras.

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Walker Evans

Walker Evans

Walker Evans

Walker Evans

Um Ato de Protesto

Na noite do dia 16 de setembro, por volta da meia noite, o banheiro químico da escola Conselheiro Mafra foi incendiado. A ação, para alguns professores e estudantes, não foi um ato de vandalismo, mas sim de protesto. A escola está há meses com os banheiros, a quadra e a cozinha interditados. “O fogo não se espalhou porque o banheiro é feito de plástico e derreteu como uma vela”, afirma a diretora.
O grêmio estudantil da escola discorda da atitude, “por não ser a mais correta”, mas afirma que ação foi um ato de coragem. “Demonstrou como estávamos descontentes com a situação, de cinco meses com os banheiros químicos. Isso foi um basta”. Afirma Ana Hemb, presidente do Grêmio Estudantil.
A solução
Outros grêmios estudantis têm opinião semelhante aos estudantes do Conselheiro Mafra. Para Iago Paqui, vice-presidente do Grêmio estudantil do colégio Tufi Dippe, “está errado queimar o banheiro, mas o governo é o responsável de deixar a escola chegar a essa situação.”
Os estudantes do colégio Presidente Médici têm o mesmo problema, pois parte de sua escola está interditada. O presidente do grêmio, Johannes Halter, não concorda com a queima do banheiro. “Queimar um banheiro ou quebrar algo na escola, qualquer um pode fazer, mas organizar uma greve e ir ao governo, só os estudantes. Nossas ações de protesto devem servir para conscientizar e mobilizar todos os estudantes, mostrar que unidos somos fortes!” Para Mayara Colzani, diretora da União Joinvilense dos Estudantes Secundaristas (UJES) , esse é o momento de fazer o debate com os estudantes sobre a organização do grêmio." Ações semelhantes a queima do banheiro, não servem como exemplo de organização. Eles podem ser atos de coragem, mas somente a organização pode efetuar mudança. Estudantes organizem-se no seu grêmio.”
João Diego.

sábado, 26 de setembro de 2009

Ellen Von Unwerth

Ellen Von Unwerth

Biografia de Pierre Verger

Pierre Verger nasceu em Paris, no dia quatro de novembro de 1902. Desfrutando de boa situação financeira, ele levou uma vida convencional para as pessoas de sua classe social até a idade de 30 anos, ainda que discordasse dos valores que vigoravam nesse ambiente. O ano de 1932 foi decisivo em sua vida: aprendeu um ofício - a fotografia - e descobriu uma paixão - as viagens. Após aprender as técnicas básicas com o amigo Pierre Boucher, conseguiu a sua primeira Rolleiflex e, com o falecimento de sua mãe, veio a coragem para se tornar um viajante solitário. Ela era seu último parente vivo, a quem não queria magoar com a opção por uma vida errante e não-conformista.De dezembro de 1932 até agosto de 1946, foram quase 14 anos consecutivos de viagens ao redor do mundo, sobrevivendo exclusivamente da fotografia. Verger negociava suas fotos com jornais, agências e centros de pesquisa. Fotografou para empresas e até trocou seus serviços por transporte. Paris tornou-se uma base, um lugar onde revia amigos - os surrealistas ligados a Prévert e os antropólogos do Museu do Trocadero - e fazia contatos para novas viagens. Trabalhou para as melhores publicações da época, mas como nunca almejou a fama, estava sempre de partida: "A sensação de que existia um vasto mundo não me saía da cabeça e o desejo de ir vê-lo me levava em direção a outros horizontes".As coisas começaram a mudar no dia em que Verger desembarcou na Bahia. Em 1946, enquanto a Europa vivia o pós-guerra, em Salvador, tudo era tranqüilidade. Foi logo seduzido pela hospitalidade e riqueza cultural que encontrou na cidade e acabou ficando. Como fazia em todos os lugares onde esteve, preferia a companhia do povo, os lugares mais simples. Os negros monopolizavam a cidade e também a sua atenção. Além de personagens das suas fotos, tornaram-se seus amigos, cujas vidas Verger foi buscando conhecer com detalhe. Quando descobriu o candomblé, acreditou ter encontrado a fonte da vitalidade do povo baiano e se tornou um estudioso do culto aos orixás. Esse interesse pela religiosidade de origem africana lhe rendeu uma bolsa para estudar rituais na África, para onde partiu em 1948.Foi na África que Verger viveu o seu renascimento, recebendo o nome de Fatumbi, "nascido de novo graças ao Ifá", em 1953. A intimidade com a religião, que tinha começado na Bahia, facilitou o seu contato com sacerdotes, autoridades e acabou sendo iniciado como babalaô - um adivinho através do jogo do Ifá, com acesso às tradições orais dos iorubás. Além da iniciação religiosa, Verger começou nessa mesma época um novo ofício, o de pesquisador. O Instituto Francês da África Negra (IFAN) não se contentou com os dois mil negativos apresentados como resultado da sua pesquisa fotográfica e solicitou que ele escrevesse sobre o que tinha visto. A contragosto, Verger obedeceu. Depois, acabou encantando-se com o universo da pesquisa e não parou nunca mais.Nômade, Verger nunca deixou de ser, mesmo tendo encontrado um rumo. A história, costumes e, principalmente, a religião praticada pelos povos iorubás e seus descendentes, na África Ocidental e na Bahia, passaram a ser os temas centrais de suas pesquisas e sua obra. Ele passou a viver como um mensageiro entre esses dois lugares: transportando informações, mensagens, objetos e presentes. Como colaborador e pesquisador visitante de várias universidades, conseguiu ir transformando suas pesquisas em artigos, comunicações, livros. Em 1960, comprou a casa da Vila América. No final dos anos 70, ele parou de fotografar e fez suas últimas viagens de pesquisa à África.Em seus últimos anos de vida, a grande preocupação de Verger passou a ser disponibilizar as suas pesquisas a um número maior de pessoas e garantir a sobrevivência do seu acervo. Na década de 80, a Editora Corrupio cuidou das primeiras publicações no Brasil. Em 1988, Verger criou a Fundação Pierre Verger (FPV), da qual era doador, mantenedor e presidente, assumindo assim a transformação da sua própria casa num centro de pesquisa. Em fevereiro de 1996, Verger faleceu, deixando à FPV a tarefa de prosseguir com o seu trabalho.

Pierre Verger

Pierre Verger

Pierre Verger

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Última Carta a Leon Trotsky

Escrita em 16 de Novembro de 1927, publicada em português em Junho de 1930, na edição nº 2 do Jornal Luta de Classe (Órgão da Oposição de Esquerda no Brasil), esta carta dirigida a Trotsky revela o que já era e no que se tornaria a degeneração stalinista. À Leon Trotsky
Caro Leon Davidovitch:
Em toda minha vida sempre pensei que o homem político deve saber ir embora a tempo, como um ator deixa a cena, e que é melhor fazê-lo cedo demais do que tarde demais.Adolescente, ainda verde, defendi a correção da conduta de Paul Lafargue, e sua mulher Laura Marx, quando auleidaram-se, o que tanto barulho fez nos partidos socialistas. E me lembro que repliquei asperamente a Augusto Bebel, muito revoltado por este suicídio, que só é admissível discutir-se, a idade escolhida pelos Lafargue (pois não se trata aqui dos anos, mas da utilidade possível do indivíduo), não se pode em caso nenhum contestar o princípio, para um homem público de deixar a vida no momento em que tem consciência de não poder ser mais útil à causa que seria.Há mais de trinta anos que fiz minha esta filosofia de que a vida humana só tem sentido na medida e enquanto está a serviço de um infinito que para nós é a humanidade, porque, sendo o resto limitado, trabalhar pelo resto é desprovido de sentido.Se mesmo a humanidade deve ter um fim, este sobreviverá então uma época tal que, para nós, a humanidade pode ser considerada um infinito absoluto. E se tem como eu, fé no progresso, pode-se muito bem conceber que, mesmo em caso de perdição de nosso planeta, a humanidade encontre os meios de habitar outros mais jovens e prolongue por conseguinte sua existência; e então, tudo que for feito em seu bem em nosso tempo se refletirá também nos séculos longínquos, quer dizer dará a nossa existência a única significação possível.É nisto, e nisto somente, que sempre vi o sentido da vida; e agora, abarcando com o olhar a minha vida passada, dos quais 27 anos nas fileiras do nosso Partido, parece que tenho o direito de dizer que durante toda a minha vida consciente, permaneci fiel a esta filosofia, isto é, vivi segundo este sentido da vida; o trabalho e a luta pelo bem da humanidade.Mesmo os anos de prisão e de cárcere quando o homem é afastado da participação direta na luta a serviço da humanidade, não podem ser riscados da vida, com um sentido, pois, sendo anos de preparação cultural e de auto-didática, contribuíram para o melhoramento do trabalho ulterior; e por esta razão podem ser confundidos com os anos de trabalho a serviço da humanidade, tendo, portanto um sentido. Creio ter o direito de afirmar que nesta acepção, nem um só dia de minha vida foi desprovido de sentido.Mas agora parece, chegou a hora, em que a minha vida perde o seu sentido e, por conseguinte, surge a obrigação de deixá-la, de lhe dar um termo.Há vários anos que a direção atual de nosso Partido, de conformidade com o seu método geral de não dar trabalho aos comunistas da oposição, não me designa nem trabalho político nem trabalho soviético, cuja envergadura e caráter me permitissem ser útil no máximo de minhas forças. No último ano, você o sabe, o Bureau Político me pôs, como oposicionista, completamente de lado de qualquer trabalho político.Por outro lado, provavelmente em parte devido a minha doença e em parte devido a razões melhor conhecidas de você do que de mim – não pude, este ano, participar praticamente do trabalho e da luta da oposição. Foi com um forte combate interior e, no começo, a contra-gosto, que me resignei a esta forma de atividade que só esperei suportar tornando-me completamente inválido: o trabalho literário, cultural e pedagógico. Embora no começo achasse penoso, me entreguei decididamente a esta tarefa, esperando que ela continuasse a dar a minha vida a necessidade e utilidade de que falei acima; só elas a meu juízo podem justificar minha existência.Porém minha saúde vem piorando cada vez mais. Por volta de 20 de setembro, por motivo de mim desconhecido, a Comissão Médica do Comitê Central me convocou para um exame de professores especialistas e estes diagnosticaram um processo tuberculoso ativo nos dois pulmões, uma miocardite, uma inflação crônica da vesícula biliar, uma colite crônica, apendicite e polinevrite crônica (inflamação múltipla dos nervos). Eles me disseram que meu estado de saúde era bem pior do que eu imaginava, e que nem devia pensar em prosseguir até o fim nos meus cursos nos estabelecimentos superiores (a Universidade de Moscou e o Instituto de Orientalismo). Acrescentaram que, pelo contrário, seria mais razoável renunciar a estes planos e não ficar inutilmente nem um dia mais em Moscou e nem mais uma hora sem tratamento e partir imediatamente para o estrangeiro, com destino a um sanatório apropriado. Como esta viagem não podia ser preparada em dois dias, me prescreveram certos remédios e tratamento. Para obtê-los tinha que ir à Policlínica do Kremlin durante algum tempo, até a minha partida.A minha pergunta direta: “Que possibilidade tenho de cura no estrangeiro? E posso me tratar aqui na Rússia sem abandonar meu trabalho?”, os professores e os assistentes, o médico do Comitê Central, camarada Abrossov, um outro médico comunista e o deão do hospital do Kremlin, A. Konseil, responderam claramente que os sanatórios russos não podiam de nenhum modo curar-me e que eu devia contar com um tratamento no Ocidente, pois até então nunca me tratara mais de 2 ou 3 meses no estrangeiro; mas que agora eles insistiam justamente para que eu fizesse uma estadia de seis meses no mínimo, sem fixar o máximo. Acrescentaram que, conformando-me as prescrições deles, não duvidavam que se não me curasse radicalmente, ao menos me seria dado trabalhador por um período maior.Durante dois meses, mais ou menos, nenhuma medida foi tomada pela Comissão médica do Comitê Central (foi ela entretanto que por sua própria iniciativa convocou a consulta em questão) relativo não somente à minha estadia no estrangeiro como do meu tratamento aqui. Ao contrário, a farmácia do Kremlin que sempre me fornecera remédios pelas receitas, ficou interditada de fazê-lo e eu fiquei, de fato, privado de auxílio gratuito dos medicamentos que sempre usara. Fui obrigado a comprar os remédios indispensáveis nas farmácias da cidade (parece que isto se deu no momento em que o grupo dirigente do Partido começou a recorrer com os camaradas da oposição, à aplicação do método: “ferir a oposição no ventre”).Enquanto era suficientemente válido para trabalhar, quase não prestava atenção para isto, mas como o meu estado não parou de piorar, minha mulher começou a trabalhar junto à Comissão Médica do CC, pela minha ida para o estrangeiro, e pessoalmente junto a N. Semachko, que sempre publicamente quebrou lanças para realizar a sua fórmula “salvaguardar a velha guarda”. A questão era, entretanto, constantemente protelada e tudo o que pôde obter minha mulher foi um resumo da decisão do conselho dos médicos. Neste resumo, minhas doenças crônicas eram enumeradas e ficava constatado que o Conselho insistia pela minha partida para o estrangeiro “num sanatório do tipo prof. Friedlander” e por um prazo podendo se prolongar até um ano.No entanto, há nove dias me deitei definitivamente, devido à acuidade e à agravação (como é sempre o caso) de todas as minhas doenças crônicas e sobretudo, o mais terrível, da polinevrite inveterada que tomou de novo uma forma aguda, me constrangendo a autar um padecimento infernal, absolutamente intolerável e me tirando até a possibilidade de andar. Com efeito, há nove dias que estou privado de qualquer tratamento e a questão de minha viagem ao estrangeiro não foi examinada. Nem um só dos médicos do CC me veio ver. O prof. Davidenko e o dr. Levine, chamados à minha cabeceira, me prescreveram algumas insignificâncias que não puderam me aliviar em coisa alguma; reconheceu-se então “que não se podia fazer nada” e que a viagem ao estrangeiro era indispensável e urgente.O dr. Levine disse à minha mulher que o negócio não andava porque a Comissão Médica pensava naturalmente que minha mulher haveria de querer fazer a viagem comigo e que “assim ficava muito caro”. (Quando os camaradas que não são da oposição ficam doentes, são enviados ao estrangeiro, e muitas vezes até com a família, acompanhados de nossos médicos ou professores, eu mesmo sei de muitos destes casos e até reconheço que quando foi de minha primeira crise de polinevrite aguda, fui mandado ao estrangeiro, em companhia de minha família, mulher e filho, e do prof. Konabi; então ainda não existiam os costumes atualmente instaurados no Partido.)Minha mulher respondeu que apesar do triste estado em que me encontrava ela não pretendia absolutamente que eu devesse ser acompanhado por ela ou por alguém. Então o dr. Levine garantiu que nestas condições a questão seria resolvida rapidamente.Meu estado foi se agravando e meus sofrimentos se tornaram tão terríveis que reclamei enfim aos médicos que dessem ao menos um alívio qualquer. O dr. Levine me repetiu hoje que os médicos nada podiam fazer e que a única porta de salvação era a partida imediata para o estrangeiro.Ora, à noite, o médico do CC, camarada Potiomkine, avisou à minha mulher que a Comissão Médica decidira não me enviar ao estrangeiro e de me tratar mesmo na Rússia.A razão era que os professores especialistas insistiam por um tratamento prolongado no estrangeiro, julgando uma certa estadia inútil e que o CC só consentia em me dar para a minha cura uma soma máxima de 1000 dólares (2000 rublos) dizendo ser impossível dar mais.Como você sabe, dei no passado ao nosso Partido outra coisa que um milhar de dólares, em todo o caso, mais do que custei ao Partido, desde que a revolução me privou de todos os meios e que não posso mais me tratar às minhas custas.Mais de uma vez, editores anglo-americanos me propuseram, por pagamentos de “minhas memórias” (à minha escolha, com a única exigência que dissessem respeito ao período das negociações importantes) somas que subiam até a 20.000 dólares. O Bureau Político sabe perfeitamente que sou bastante experimentado como jornalista e como diplomata, para publicar uma só palavra sequer prejudicial ao nosso Partido e ao nosso Estado.Ele não ignora tampouco que fui muitas vezes censor no Comissariado dos Negócios Estrangeiros e que na qualidade de embaixador também o fui para todas as obras russas editadas nos países onde servia. Há alguns anos pedia ao Bureau Político a permissão para editar essas memórias, tomando o compromisso de entregar ao Partido todos os honorários, pois me custa aceitar do Partido dinheiro para me tratar. Em resposta, fui prevenido por uma decisão do CC, nos termos da qual “é formalmente proibido aos diplomatas ou aos camaradas tendo tomado parte no estrangeiro publicar no estrangeiro suas reminiscências ou fragmentos de memórias sem exame prévio dos manuscritos pelo colégio do Comissariado dos Negócios Estrangeiros e o Bureau Político do Comitê Central”.Sabendo das irregularidades e dos atrasos que seriam ocasionados por esta dupla censura, resolvi em 1924 declinar de qualquer proposta. Encontrando-me recentemente no estrangeiro, recebi uma nova oferta garantindo-me 20.000 dólares de honorários.Sabendo, porém, como entre nós se falsifica a história de nosso Partido e da Revolução, não julguei possível emprestar o meu concurso a uma tal falsificação, não tendo dúvida de que toda a censura do Bureau Político (e os editores fazem questão do caráter pessoal das reminiscências, isto é sobre a caracterização dos personagens que nela desempenharam algum papel) consiste em não admitir uma justa apreciação dos personagens e de seus atos, nem destes nem daqueles, isto é nem dos chefes autênticos da Revolução, nem dos dirigentes atuais elevados a esta dignidade. Eu não acho possível editar memórias sem chocar de frente o Bureau Político e por conseguinte não vejo meio de me tratar sem receber dinheiro do CC que, por todo o meu trabalho revolucionário de vinte e sete anos, acha razoável calcular a minha vida e a minha saúde numa soma não passando de 2.000 rublos.No estado em que me encontro atualmente é evidentemente impossível realizar um trabalho qualquer. Se, a despeito de sofrimentos infernais, tivesse a força de continuar a série de meus cursos, uma situação desta ordem exigiria sérios cuidados, seria preciso me transportar por toda parte em “padiola”, me ajudar a procurar nas bibliotecas e nos arquivos os livros e materiais necessários, etc.No decorrer de minha última doença, tive à minha disposição todo o pessoal de uma embaixada: agora, segundo minha “categoria”, não tenho nem mesmo o direito a um secretário particular. Além disso, a desatenção para comigo de que se tem dado provas nestes últimos tempos, por ocasião, das minhas doenças (como agora; em que estou há dias praticamente sem socorro e em que o tratamento elétrico prescrito pelo prof. Davidenko não me é aplicado), mostra que não posso contar nem mesmo com uma coisa tão elementar como um transporte em padiola.Mesmo se fosse tratado, se fosse mandado ao estrangeiro, para a estadia indispensável, minha situação continuaria crítica no mais alto ponto: a última vez passei mais ou menos dois anos num estado de polinevrite aguda, sem fazer um movimento; não tinha então outra doença a não ser esta e no entanto todas as outras que contraí depois são conseqüências desta; agora já me descobriram seis. Mesmo se pudesse daqui por diante consagrar o tempo necessário ao tratamento, é duvidoso que possa contar com uma prolongação útil de minha vida. Agora então que se considera impossível tratar-me seriamente (pois o tratamento na Rússia é, segundo os médicos, sem esperança, e o tratamento no estrangeiro só por 2 meses também o sendo) minha vida perde todo o seu sentido, mesmo sem que se leve em conta minha filosofia esboçada acima. É duvidoso que se possa admitir como necessária uma vida passada em padecimentos incríveis, estando-se pregado numa cama sem movimento e sem possibilidade de realizar um trabalho qualquer.É por isto que digo que o momento chegou em que é indispensável pôr um termo a esta vida.Conheço a opinião geral do partido, contrária ao suicídio, mas suponho que todos aqueles que ficarem sabendo de minha situação não me condenarão por isto.Além do mais, o professor Davidenko acha que a causa da repetição da minha polinevrite aguda é a emoção destes últimos tempos... Se estivesse com saúde teria achado em mim a força e a energia suficientes para lutar contra a situação criada no Partido, mas no meu estado atual, reputo insuportável uma situação em que o Partido tolera silenciosamente a sua exclusão de suas fileiras, apesar de estar absolutamente persuadido de que, cedo ou tarde, haverá no Partido uma crise que o obrigará a rejeitar aqueles que o conduziram a uma tal vergonha... Neste sentido, minha morte é um protesto contra aqueles que levaram o Partido a uma situação tal que ele não possa de nenhum modo reagir contra este opróbrio.Se me é permitido comparar o que é grande com o que é pequeno, direi que a importância do acontecimento histórico que é a sua exclusão e a de Zinoviev, expulsão que há de abrir inevitavelmente um período thermidoriano na nossa Revolução, e o fato que me reduzem depois de 27 anos de trabalho revolucionário nos postos responsáveis do Partido, a uma situação em que nada mais me resta a fazer do que me meter uma bala na cabeça, estes 2 fatos, torno a dizer, ilustram um só e único regime do Partido.Talvez que os dois acontecimentos, o pequeno e o grande juntos, produzirão o abalo que acordará o Partido e o fará parar no caminho que vai dar em Thermidor.Sentir-me-ia feliz, se pudesse acreditar, que assim será, pois saberia então que não iria morrer em vão; entretanto, mesmo tendo a firme convicção de que a hora do despertar do Partido virá, não posso estar convencido de que ela já tenha soado agora... Entretanto, não duvido apesar de tudo de que a minha morte hoje seja mais útil que do que a prolongação de minha vida.Caro Leon Davidovitch, estamos ligados por 10 anos de trabalho comum e, ouso, esperá-lo de amizade pessoal, e isso me dá direito de lhe dizer no momento do adeus, o que em você me parece ser fraqueza.Nunca duvidei da justeza do caminho traçado por você, que sabe que durante mais de 20 anos marchei com você, desde a “revolução permanente”. Mas sempre pensei que faltavam à inflexibilidade, à intransigência de Lênin, sua resolução de ficar, sendo preciso, sozinho no caminho que reconheceu como certo, na previsão da maioria futura, no reconhecimento futuro, por parte de todos da exatidão desse caminho. Você sempre teve razão politicamente, a começar por 1905, e muitas vezes lhe contei ter ouvido, com os meus próprios ouvidos, Lênin reconhecer que em 1905 não fora ele, mas você que tivera razão.Defronte da morte não se mente e o repito agora de novo...No entanto muitas vezes renunciou você à sua retidão em favor de um acordo, de um compromisso que sobreestimava. É um erro. Eu o repito, politicamente sempre você teve razão e agora mais do que nunca. Um dia, o Partido o compreenderá e a História há de reconhecê-lo.Assim, não receie hoje se alguém se separar de você, nem sobretudo se muitos não vêm para o seu lado tão depressa quanto nós todos o desejávamos. Você tem razão, mas a condição da vitória de sua verdade está precisamente numa estreita intransigência na mais severa rigidez, no repúdio de todo compromisso, exatamente como isto foi sempre o segredo da vítima de Illitch.Por diversas vezes tive vontade de lhe dizer isto, mas só agora me decidi a fazê-lo, na hora do adeus.Duas palavras pessoais. Atrás de mim ficam uma mulher, uma filha doente e um rapazola mal adaptados a uma vida independente. Sei que nada pode você fazer agora por eles. Sob este ponto não posso contar em cousa nenhuma com a direção atual do Partido.Mas não tenho dúvidas de que o dia não está longe em que você há de retomar o lugar que lhe é devido. Então, não se esqueça dos meus. Eu lhe desejo energia e valentia iguais às de que tem dado provas até o presente, e a mais rápida vitória. Eu o abraço fortemente. Adeus.Moscou, 16 de novembro de 1927.
A. Joffe
Notas: O último serviço à causa:A carta que se lê foi escrita pelo camarada A. Joffe, na noite de 15 para 16 de Novembro de 1927 e dirigida a Trotsky. A vida de Joffe foi toda até o seu último minuto consagrada à causa da libertação do proletariado. Morreu aos 44 anos de idade. Ocupou no Partido e no governo soviético os postos de maior responsabilidade.Bolchevista desde 1900, foi depois de uma deportação na Sibéria, Presidente do Conselho Militar revolucionário em 1917, depois tomou parte com Trotsky nas negociações de Brest-Litovsk.Em 1918 foi nomeado embaixador dos Soviets em Berlim, dirigiu com Tchitcherine a comissão para as negociações com a Polônia e em seguida a delegação soviética na Conferência em Gênova.Foi o primeiro embaixador soviético em Pequim e depois no Japão. Foi quem assinou o tratado de paz entre o Japão e a União Soviética, quem dirigiu em Xangai (China) as negociações com Sun-Yat-Sen (o fundador do Kuomitang) e participou das negociações entre a Inglaterra e a URSS.Reduzido por uma polinevrite a uma invalidez quase completa, impossibilitando-o de tomar parte ativa nas lutas políticas de então, Joffe não viu outro meio de ainda servir à causa da Revolução – do que se matar, dando à sua morte uma significação precisa de protesto contra a exclusão de Trotsky do Partido e o regime de perseguição pessoal, adotado pela direção na sua campanha contra a oposição. A sua carta foi encontrada logo após sua morte sobre sua mesa.Não chegou, porém, às mãos de seu destinatário.Os seus funerais em Moscou, no dia 19 de Novembro tiveram um caráter comovedor. Apesar de realizados nas horas de trabalho, compareceram milhares e milhares de operários, camaradas do Partido, delegações do Exército Vermelho.Tchitcherine falou oficialmente em nome do governo. Depois falaram diversos camaradas da oposição, Rakovsky, entre outros, disse sobre seu túmulo, “ele partiu, quando compreendeu que era esta sua suprema maneira de servir ao Partido”. Por último falou Trotsky que, no meio de uma emoção e dum silêncio indizíveis, terminou seu adeus dizendo: “Como tu, nós juramos ir até o fim sem fraquejar, sob as bandeiras de Marx e de Lênin!” – N.R.

Professor Layton and the Diabolical Box

Um novo jogo para a Nintendo DS. Um Jogo que te conquista pelo trailer. Uma trilha sonora excelente e as cenas de animes é o suficiente para tê-lo em meu DS. A história é bem interessante também. Ela da continuidade ao primeiro jogo, "Professor Layton and the Curious Village", que mostra o britânico professor Layton e o aprendiz Luke lidando com um artefato de poder misterioso, a caixa Elysian. A caixa é supostamente responsável por tirar a vida do mentor de Layton. Investigando o caso o acadêmico acaba embarcando em uma viagem no trem Molentary Express, um antigo veículo de luxo, no qual o enredo se desenrola e os mistérios surgem e são resolvidos. O jogo é cheio de quebra cabeças, que são inspirados novamente na série de livros do matemático japonês Akira Tago, os mais de 150 enigmas são de dificuldades e estilos dos mais variados, fazendo bom uso da tela de toque do Nintendo DS.
Agora é deixar de falação e baixar da net!

Professor Layton and the Diabolical Box

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Contra o Golpe Militar de Honduras

Garoto de 10 anos é simbolo da resistência ao golpe militar de Honduras. Segue o vídeo abaixo.

Contra o Golpe Militar de Honduras!