sexta-feira, 17 de abril de 2009

CARTA DE UM TRABALHADOR

Recebemos esta carta de um trabalhador sobre as condições que ele e seus companheiros passam em uma grande empresa de Joinville. Com o agravamento da crise econômica, o crescimento do nível de repressão e permanentes ameaças de demissões aumentaram, no sentido de pressionar trabalhadores a manter acelerado o nível de produção. Isto é, aqueles que discutirem ordens serão os próximos a serem vitimados pela demissão.Os patrões e chefes assumem um discurso de compromisso com a empresa, metas de produção e pela indiscutível reverência ao local de trabalho. Os trabalhadores são obrigados, por exemplo, a pintarem, varrerem o setor, realizando funções que extrapolam aquelas para as quais foram contratados.O nome do trabalhador e da empresa foram omitidos para preservar o trabalhador de qualquer tipo de perseguição por parte dos patrões ou chefes. Carta de um trabalhador insatisfeito. Na empresa em que trabalho, somos tratados como lixo, pois não temos nem água para beber. A água do bebedouro, além de ser suja ou com muito cloro, muitas vezes nem refrigerada está.No dia a dia eles querem que o trabalhador faça a refeição em 30 minutos. O que é impossível, pois o refeitório fica longe da área de trabalho. Normalmente levamos 10 minutos para ir até o refeitório e 10 minutos para voltar, ou seja, vinte minutos a gente leva só no trajeto de ida e volta, portanto impossível fazer a refeição em 30 minutos.Todos os dias sofremos todo o tipo de pressão e humilhação possível, tendo que trabalhar em alguns setores em condições de higiene e segurança desumanas.E como se tudo isso não bastasse, ainda temos que agüentar o “líder de setor”, repetindo toda hora, todo o minuto, para todos trabalharem e não reclamarem, como se não fôssemos seres humanos e que não ficássemos naturalmente cansados, por conta do serviço braçal do dia a dia.Não poderia deixar de relatar também que, além de ter que fazermos o serviço braçal cansativo, ainda somos obrigados a varrer o pátio e fazer pinturas para ‘a área ficar mais bonita’.Com certeza os trabalhadores não reclamariam do trabalho se tivessem segurança e um ritmo ideal para todos, pois ninguém quer ficar parado no setor, só queremos trabalhar com tranqüilidade, sem que o ‘chefe’ fique o tempo todo querendo cada vez mais produção, querendo que os trabalhadores não deixem apenas o seu suor, mas também sua última gota de sangue.

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