domingo, 12 de dezembro de 2010

Death Note: uma Análise Marxista*

As idéias da classe dominante são, em todas as épocas, as idéias dominantes.”- Karl Marx e Friedrich Engels, (A ideologia alemã. Capítulo 1: Da produção da consciência/ A. A ideologia em Geral e particularmente a Alemã /Editora Martin Claret)

Deth note é um anime** que conta a história de um caderno, mas um caderno com o poder de matar. Basta o possuidor escrever o nome da vítima e ter em mente o seu rosto. Feito isso, depois de alguns minutos a vítima está morta.

A trama começa quando um jovem estudante chamado Rayto encontra o caderno no chão. Ao descobrir seu poder ele resolve usá-lo em favor da “justiça” - o que ele pensa ser justiça -. Pois, está revoltado com os roubos, seqüestro, estupros e assassinatos que ocorrem em seu país.

Resolve matar todos os criminosos. Mata todos que infligem a lei. Do ladrão de galinha ao engravatado, “todos os criminosos devem morrer para ser feita a justiça”, pensa ele.

Muitos jovens podem concordar com Rayto, ao ver Deth Note. E podem pensar: “Os bandidos estão livres para fazer o que quiser. Alguns tiros não fariam mal. A pena de morte pode funcionar. O exército na rua, como hoje acontece no Rio de Janeiro, também pode ajudar a terminar com o crime.”

Isso é o que a burguesia (grandes empresários e latifundiários) quer que pensemos. De que não existe saída para o combate ao crime, que não seja por meio repressivo.

Mas porque ela quer que pensemos isso?

Porque á origem do crime está na desigualdade social. No fato de vivermos em uma sociedade capitalista, em que uma pequena parcela da população, a burguesia domina e explora a grande maioria da população. Enquanto eles têm bilhões, casas luxuosas e as melhores escolas. Os trabalhadores, nem casa possuem e vivem muitas vezes em condições inumanas.
Rayto
Tudo que interessa a burguesia é manter o seu domínio. E assim o estado, governo, leis, polícia e exército que ele afirma ser representantes do povo, na verdade servem somente a eles. E na hora das revoltas populares contra os burgueses, eles utilizam de todos estes meios para oprimir o povo.
 Como afirmava Friedrich Engels “... O estado é nada mais que uma maquina para a opressão de uma classe por outra...” – (La Guerra civil en Francia/ Introducción/ pg 29, segundo parágrafo/ Coleción Pensamiento y Acción Socialista.)

Rayto dá um bom exemplo disso. Quando durante o anime, tanto a polícia, como outras pessoas o confrontam ele não resisti em matá-las. Pois afinal, para Rayto, como para a burguesia desobediência também é crime.

"L" e o estado burguês

O fato de Rayto agir como um justiceiro, matando os criminosos e desrespeitando as autoridades dos estados e governos, leva os lideres mundiais a tomar uma atitude. Então, eles resolvem pedir ajuda do melhor detive do mundo. Ele nunca foi visto e ninguém sabe o seu nome verdadeiro. Todos apenas o conhecem por L.


L


 Ele e Rayto travam uma luta emocionante durante o anime. L tenta provar que Rayto é kira, nome pelo qual o assassino é chamado. Rayto tenta descobrir o nome de L para matá-lo, pois ele é uma barreira em seus planos. 

É nesse momento em que os fãs se dividem. Uns apóiam Rayto, em sua “purificação do mundo”. Outros L, na luta contra o Kira, o assassino que misteriosamente está matando os criminosos.
Indo além das brigas de torcidas, se analisarmos os ideais de Rayto e L, nós veremos que os dois não têm tanta diferença assim.

Os dois representam duas faces da mesma moeda. Duas frações da mesma burguesia.   
L diferente de Rayto têm algumas regras. Mas mesmo assim, ele não hesitou em torturar e burlar algumas dessas regras, para tentar capturar Rayto. Em um episódio, um discípulo de L explica o seu método e deixa claro, sobre que princípios que L age.

Segundo o discípulo, a forma mais rápida de evitar uma tragédia ainda maior é matar o suspeito. Rayto, nesse caso. Assim as mortes iriam parar e estaria provado que Rayto é Kira. Por maior que fosse seu desejo de matar Rayto, ele diz que não fará, pois esse não é o método de L, segundo ele.   

 Ou seja, Rayto é um tipo ditador ele manda e desmanda. L é democrático, ele acredita na lei. Ele quer levar Rayto ao júri para ser julgado e condenado. Enquanto Rayto julga e sentencia a morte todas as suas vitimas.

Até podemos afirmar que ele é mais democrata que Rayto, mas nenhum dos dois vê a criminalidade como algo causado pelo sistema capitalista. Para os dois se combate o crime se armando a polícia, matando e prendendo.

E essa solução nunca vai por um fim a criminalidade. O crime e a situação de caos que chega cidades como Rio e são Paulo é produto do capitalismo.

Só será resolvido indo à raiz do problema que é falta de emprego, moradia, saúde e educação. Ou seja, uma vida digna para todos. E isso, nenhum burguês como L e Rayto está disposto a fazer, pois necessitariam romper com o capitalismo e construir o socialismo.

O Autor de Death Note

De acordo com os sites na internet, ninguém sabe ao certo quem é o criador de Death Note. Seu nome Tsugumi Ohba, é um pseudônimo, que dizem ser de um criador  Hiroshi Gamou, autor da série de mangá Tottemo! Luckyman.

A verdade é que esse fato só contribui para afirmar que o homem é um produto de seu meio, assim como suas idéias.  Afinal o autor criou L a sua imagem e semelhança.

Death Note tem alta qualidade. Os desenhos são muito bem feitos. Rico em detalhes, com clima sombrio e solitário. Uma ótima trilha sonora que interage com cada episódio e atitude dos personagens.


Como a maioria dos animes ele é baseado em um manga*** que é ilustrada por Takeshi Obata.  O anime conta com 37 episódios, que no Brasil foram exibidos pelo Cartoon NetworK. Apesar, de que muito fã de anime prefere baixar os episódios da internet e assistir legendando.

Recomendo-o a todos aqueles que querem conhecer um pouco sobre anime.



*Segue minha análise de um dos Animes de maior sucesso entre a juventude, do ponto de vista do marxismo. Durante o texto me esforcei em fazer duas coisas: uma, deixar claro meu ponto de vista, dando exemplo sobre acontecimentos do anime; dois, relatar esses acontecimentos sem contar partes que tirem a graça do anime para quem ainda não viu. Espero que gostem do texto e se interessem pelo anime.

** É como são chamados os desenhos animados japoneses.

*** ë como são chamados o quadrinhos japoneses.



João Diego, militante marxista e fã de animes.
08/12/12
Buenos Aries

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