sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

A revolução não virá pelo Twitter, mas poderá ser tuitada

Após postarmos a tira abaixo no Facebook da Juventude Marxista, um de nossos leitores nos questionou sobre qual seria a validade dos protestos via internet e qual a melhor forma de protestar. Dei minha opinião no Facebook, mas achei interessante escrever sobre isso.



A revolução Árabe, os movimentos de ocupação pelo mundo e o Wikileaks levaram muitos jovens a supervalorizar o papel da internet e as redes sociais. Trocaram a militância de rua pelos twittaços e textos postados no Facebook.

Segundo eles a internet é um espaço de democracia real em que todos podem participar. Sendo assim, fazer reuniões, assembléias e até manifestações.

Primeiramente, acredito que a internet é uma ferramenta de extrema utilidade para propaganda. Infelizmente, não é possível fazer qualquer outra ação através dela. Todos os protestos e manifestações online têm o fim da propaganda.

É claro que muitos podem afirmar que as ações de hackers podem abalar as estruturas da burguesia e de seus governos, mas para mim, essas ações são semelhantes às atitudes terroristas: heróicas.

Não elevam a consciência dos explorados na luta pela revolução. Como dizia Trotsky, bons são os meios que elevam a consciência dos explorados como classe e os ajudam entender a necessidade de tomar o poder. O terrorismo online, não tem muita utilidade para isso.

Outro ponto importante é entender que a internet não provocou a primavera Árabe, ela apenas ajudou a divulgá-la. Ou seja, a revolução não veio através de Twitter, mas teve todas as suas ações divulgadas pelo Twitter. Quando muitos meios de comunicação ocultavam os progressos no mundo árabe, as redes sociais se tornaram um meio de acompanhar os acontecimentos em tempo real.

Por último, acredito ser importante citarmos o Wikileaks. Julian Assange, não é um revolucionário, nem comunista. Ele se considera uma pessoa justa. E com esse ideal de justiça divulgou os documentos ultra-secretos do império. Que por isso, quer sua cabeça. Acredito que literalmente a querem em uma bandeja.

Bom, mas o importante nisso tudo é que Assange teve sua conta do Facebook cancelada. Assim como seu Twitter. Que o governo norteamericano tem exigido que o Facebook entregue dados de pessoas que tem um possível envolvimento com o site de Assange. Que a Visa e a Mastercard cancelaram todas as doações para Assange. Que o Facebook tem censurado informações que não lhe convém.

A internet é um espaço de difusão, mas não de mobilização ou ação revolucionária de tomada de poder. Fazer reuniões e divulgar a informação é importante, mas não iremos tomar o poder pelo Twitter.
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Já existem leis que pretendem endurecer anarquia da internet. À medida que a burguesia se sentir ameaçada por esse espaço ela o limitará ainda mais. Por isso, acredito ser importante não nos iludirmos. A revolução não virá pelo Twitter, mas poderá ser tuitada.





Um comentário:

  1. Belo texto. Tenho que concordar que as redes sociais são absolutamente secundárias num momento de revolução. Pelos mesmos motivos que os seus, mas vistos de forma um pouco diferente:

    Primeiro porque já vimos que protestos feitos completamente online não tem serventia alguma a longo prazo; e o maior exemplo disso são os Anonymous. Aqueles que, essencialmente, prometem acabar com o Sistema atacando sites governamentais, policiais e de grades bancos: os sites saem do ar por algumas horas, muitos Anonymous saem "do ar" para a cadeia por alguns anos. E ninguém se lembra deles senão como baderneiros. Quebram a cara. Assange (que, podemos dizer, também fez um "protesto online" com Wikileaks), por outro lado, é esperto: a sua prisão ou morte acarretaria necessariamente na divulgação de novos documentos e isso o mantém livre. E vivo.

    Segundo porque, como você mesmo explicou, no momento em que as coisas ficam difíceis a suposta "democracia" da Internet acaba.

    Esse fator tem solução, a utilização de meios não-censuráveis de comunicação online. Falo de, por exemplo, Tor (https://www.torproject.org/) e Freenet (http://freenetproject.org/), ferramentas que burguesia nenhuma tem poder de censurar por motivos técnicos. Mas o número de pessoas que conhece ferramentas do tipo é pífio, insuficiente para que consigam organizar algo relevante em um momento crítico. Esse número deveria aumentar enquanto é tempo, de qualquer forma.

    Att.

    Luis Alfredo.

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